MARRENTO, REBELDE E VENCEDOR – O RONY DA RESERVA

“Seja você, mas nunca seja o mesmo.” Talvez essa frase de Rony Meisler seja nossa melhor tentativa de defini-lo. Cursou Engenharia de Produção, mas diz que sua verdadeira vocação é com ciências humanas. Declara não ligar para moda, mas foi presença marcante em várias edições do São Paulo Fashion Week. Ganhou o apelido de “marrentinho da moda”, mas é conhecido por sua “personalidade leve” e “facilidade de relacionamento”,
como descrito no livro Rebeldes Têm Asas. Viveu em São Paulo, mas é um típico menino do Rio.

Rony Meisler, 38 anos, Vascaíno roxo, foi criado em Botafogo, bairro de classe média do Rio de Janeiro. Quando criança, ia a pé para o colégio judaico Liessin com seu irmão. E aos 12 anos iniciou seu primeiro empreendimento: uma banca de venda de livros antigos e gibis na calçada do prédio onde morava. Com seus 19 anos, montou um site muito semelhante ao que hoje conhecemos como marketplace, mas era destinado a troca de produtos entre consumidores.

Mas foi aos 24 anos de idade que aconteceu a primeira grande virada de sua vida. Rony e seu amigo Fernando Segal estavam juntos na academia, quando viram dois garotos usando a mesma bermuda. “Nós brincávamos que isso era um problema de ‘D’: Demanda reprimida ou demência coletiva”, brinca.

Despretensiosamente, os amigos resolveram criar uma bermuda com uma foto em 360 graus da praia de Ipanema. E assim nasceu a Reserva – nome dado em homenagem à praia preferida dos empreendedores – que hoje conta com 65 lojas próprias espalhadas pelo País, além de 8 franquias e mais de 1500 colaboradores.

Mas, como na vida de todo empreendedor, nem tudo são flores. Rony já teve que se reinventar várias vezes. E isso o tornou um verdadeiro expert em transformar crises em oportunidades. Em dezembro de 2012, a Reserva teve uma de suas lojas arrombada e saqueada. Mas ao invés de perder tempo lamentando o problema, Rony usou as imagens captadas pelas câmeras de segurança como campanha publicitária. A chamada era: “Corra, porque tem gente fazendo loucuras pela Reserva!”

“Para aproveitar essas oportunidades, é preciso pôr as ideias rapidamente de pé. Costumo dizer que a execução é mais importante que a idealização”, diz Meisler que, pouco tempo depois, enfrentou o maior fracasso da marca por conta do deslize de um de seus colaboradores.

O Use Huck, grife criada pelo apresentador Luciano Huck, um dos sócios da Reserva, oferecia camisetas com frases descontraídas. E priorizando a agilidade, as camisetas eram anunciadas a partir de montagens feitas por Photoshop. A marca chegou a vender 300 peças por dia, até que chegou o carnaval de 2015, quando o site anunciou uma roupa infantil com os dizeres “Vem ni mim que eu tô facin”. “Designers aplicaram, por engano, o texto de uma camiseta de adulto na foto de uma criança. A imagem ficou no ar por 30 minutos, até a primeira pessoa gritar e a gente reparar o erro.

Mas, cara, o estrago estava feito. Veio um tsunami de críticas, foi uma coisa terrível”, diz. Meisler e Huck foram acusados nas redes sociais de incentivar a pedofilia. A marca fechou, após ser multada pelo Ministério Público do Rio em R$ 15 mil.

“Pedro Cardoso, que era o responsável pelo projeto, perguntou quanto nos devia. Numa empresa normal, onde todo mundo sempre tem que achar um culpado, o que iria acontecer?”, conta Meisler. “Eu respondi: ‘Patrão, tu não me deve nada. O que precisamo fazer é transformar esse limão em limonada’.” Pedro então criou a Faça.VC, dando uso às 5 impressoras têxteis e ao estoque de camisetas brancas da Use Huck. “Hoje, o projeto já é
dez vezes maior que o Use Huck”, diz Meisler.

Quando perguntado sobre o futuro da Reserva, Rony Meisler diz: “Só temos uma certeza: não vamos parar jamais! Mas por enquanto, sem spoilers sobre o nosso futuro [risos].”

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